sábado, 13 de novembro de 2010

O poder do abraço

Um laço de corações encostados, um refúgio para todos os medos, uma demonstração de afeto, uma congratulação, um consolo, uma salvação contra o frio. Podemos definir o abraço de todas essas maneiras e ainda vão faltar significados. Não somos feitos de pedra, e ficamos ainda mais frágeis nesses momentos, dependendo de quem nos abraça ou abraçamos. Pode significar muito mais que um beijo, e pode dizer muito mais que milhares de palavras.

Cada um de nós tem na vida algumas pessoas que gostaria de ter abraçado, e outras que esperava terem tomado tal iniciativa. Alguns de nós não gostamos de demonstrar, mas faria toda diferença se mostrássemos a esses o calor de nosso abraço. Por vergonha, por falta de intimidade, por insegurança, por falta de compromisso uns com os outros adiamos ou não damos valor a esse gesto.

Às voltas com o nosso mundo lucrativo e devorador de informações, negligenciando seres humanos pelo bem dos dividendos, o poder do abraço é ser uma válvula de escape ao que nossos sorrisos aprisionam dentro do peito. Nem que seja curto, que seja desajeitado dê um abraço em quem ama, e a quem quer amar. Pode fazer toda a diferença, e é maior que qualquer poder aquisitivo.

Sou adepto desta prática, e tenho sorte de apesar de tanto ter a crescer, caber em tantos abraços ao longo de meu caminho, e fazer tantos caberem nos meus. Se há um Dia Internacional do Abraço, é como dizem por aí... Dia de abraço é que nem dia de mãe: todos os dias. Portanto celebremos a vida e lapidemos como jóias todas as relações que nos são preciosas, e como disse Dostoievski através de minha sábia professora de literatura: um gesto de amor é tudo que importa.

sábado, 6 de novembro de 2010

Derrubando paredes

Choro. Nas paredes em que encosto a cabeça, não há consolo.São frias e duras, como finjo ser para disfarçar que sinto pena de mim mesmo. Não tenho ferramentas para quebrar as paredes que ergui entre mim e as pessoas que amo e que me amam também. Na sola dos sapatos que gastei pela vida estão as fezes em que pisei ao achar que entendo mesmo bem as pessoas.

Por mais que se lave, ainda restam resíduos. Não sei como cheguei até aqui. Tenho tantos tropeços que deixaram lesões, tantos passos que pulei em tantas caminhadas e tantas reflexões, que me torceram o calcanhar. Que me levaram ao incompleto conhecimento e valores frágeis pelos quais dirijo minha vida.

Por ser tão sonhador, fantasio a realidade em várias possibilidades e escolho sempre a mais improvável de se concretizar. Arrasto pessoas comigo, sou arrastado por outras. Espero pelo dia em que vou ouvir aquelas três palavras.

Não vivo por outra coisa. Penso mesmo é que estou morrendo a cada dia, e a ciência diz que isso é mesmo verdade. Mas morrer por dentro é ainda pior, e tenho sorte de estar longe disso. A casca envelhece e o que há dentro é ainda uma criança que não quer assumir a responsabilidade e a chatice que pode ser a vida. Não vou levar nada daqui, mas me deixo levar por tanta coisa...