sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Tempo de dar um tempo...

Fim de Ano, começo de ano. Tempo de "dar um tempo" de nossas incertezas, nossos medos,frustrações e negativismos. Como a ave mitológica, morre algo para que renasça nova coisa. Tenho algo a dizer mas fico em silêncio. Passeio pelos jardins, outros passeiam comigo, tropeço num passeio em que deixei minha força de vontade, e a machuquei com meu passo pesado.

Porque não fui suave e dei leveza à vida, é sempre fácil fazer a pergunta, mas não tão fácil encontrar a resposta. De onde vêm essas dores, de anos atrás, que pisaram sobre mim e quase me quebram os dentes de tanta pressão? Se era nos dentes que mantinha toda minha resistência, ela passou aos lábios, mas estes são frágeis.

Tentando dar a um encontro de lábios um significado maior, forcei o que era para ser natural e encerrei mais rápido que o devido uma jornada feita pra ser longa. Não é que não possa dar os passos certos, simplesmente não quero.

Sou homem de muitas vontades, muitas verdades, mas tenho vivido uma mentira por ser mais divertido. Quando deixarei de ser projeto para ser concreto? Sou amigo de arquiteto, amigo de ex-desafeto, amigo de historiador, de professor e engenheiro, mas ainda não me construi por completo.

Aqui vai uma interminada, que resolveu sair do fundo da caixa (de Pandora?)

domingo, 26 de dezembro de 2010

It's all connected...

It is all in a circle of purpose. You can tell a friend about a movie and a day after you would hear about in a TV series. Coincidence, some might say, but others are allowed to doubt, surely. The story itself sounds absurd, such a convenient sequence of events. But how to explain it?

People need to hear words of comfort. Some hidden truth is just a way to encourage derrangement, lack of purpose, of focus. Our everyday life would have been completely upside down if we did not manage to keep our feet on the ground.Some of us have gravity in their words, to ensure that others would be attracted to our truth.

What if you chose to become one of these? Certainly, it is not easy to avoid being dragged to the misteries life brings about. You will find yourself captive, specially if you are bound to ignore it. There is something else out there, and I chose to find a link between our coincidences and our final purpose.

Over the same weekend, more than five mentions of theories, movies and situations were attracted to each other, with no intention of doing so, and I find myself drawn to them, bound by a gravity of my own. Yes, I may derrange. And yet, some say I actually did. The purpose is the path, and it encircles us all.

sábado, 13 de novembro de 2010

O poder do abraço

Um laço de corações encostados, um refúgio para todos os medos, uma demonstração de afeto, uma congratulação, um consolo, uma salvação contra o frio. Podemos definir o abraço de todas essas maneiras e ainda vão faltar significados. Não somos feitos de pedra, e ficamos ainda mais frágeis nesses momentos, dependendo de quem nos abraça ou abraçamos. Pode significar muito mais que um beijo, e pode dizer muito mais que milhares de palavras.

Cada um de nós tem na vida algumas pessoas que gostaria de ter abraçado, e outras que esperava terem tomado tal iniciativa. Alguns de nós não gostamos de demonstrar, mas faria toda diferença se mostrássemos a esses o calor de nosso abraço. Por vergonha, por falta de intimidade, por insegurança, por falta de compromisso uns com os outros adiamos ou não damos valor a esse gesto.

Às voltas com o nosso mundo lucrativo e devorador de informações, negligenciando seres humanos pelo bem dos dividendos, o poder do abraço é ser uma válvula de escape ao que nossos sorrisos aprisionam dentro do peito. Nem que seja curto, que seja desajeitado dê um abraço em quem ama, e a quem quer amar. Pode fazer toda a diferença, e é maior que qualquer poder aquisitivo.

Sou adepto desta prática, e tenho sorte de apesar de tanto ter a crescer, caber em tantos abraços ao longo de meu caminho, e fazer tantos caberem nos meus. Se há um Dia Internacional do Abraço, é como dizem por aí... Dia de abraço é que nem dia de mãe: todos os dias. Portanto celebremos a vida e lapidemos como jóias todas as relações que nos são preciosas, e como disse Dostoievski através de minha sábia professora de literatura: um gesto de amor é tudo que importa.

sábado, 6 de novembro de 2010

Derrubando paredes

Choro. Nas paredes em que encosto a cabeça, não há consolo.São frias e duras, como finjo ser para disfarçar que sinto pena de mim mesmo. Não tenho ferramentas para quebrar as paredes que ergui entre mim e as pessoas que amo e que me amam também. Na sola dos sapatos que gastei pela vida estão as fezes em que pisei ao achar que entendo mesmo bem as pessoas.

Por mais que se lave, ainda restam resíduos. Não sei como cheguei até aqui. Tenho tantos tropeços que deixaram lesões, tantos passos que pulei em tantas caminhadas e tantas reflexões, que me torceram o calcanhar. Que me levaram ao incompleto conhecimento e valores frágeis pelos quais dirijo minha vida.

Por ser tão sonhador, fantasio a realidade em várias possibilidades e escolho sempre a mais improvável de se concretizar. Arrasto pessoas comigo, sou arrastado por outras. Espero pelo dia em que vou ouvir aquelas três palavras.

Não vivo por outra coisa. Penso mesmo é que estou morrendo a cada dia, e a ciência diz que isso é mesmo verdade. Mas morrer por dentro é ainda pior, e tenho sorte de estar longe disso. A casca envelhece e o que há dentro é ainda uma criança que não quer assumir a responsabilidade e a chatice que pode ser a vida. Não vou levar nada daqui, mas me deixo levar por tanta coisa...

terça-feira, 26 de outubro de 2010

El fuego

¿De dónde viene el fuego? Lo supimos que por su encánto, é una forma de capturar el alma del hombre, y aun que no sepamos como ha hecho, siempre deja sus marcas. El fuego de la passion, el fuego del motor de un coche, el fuego del diablo para los religiosos, esta con nosotros a cada respiración.

Por toda la Tierra, este simbolo de poder e resurrección siempre estará presente en nuestras existencias. A mi, por ejemplo, ha cremado las piernas cuando era un niño, y yo carrego las cicatrices hasta hoy. Ha cremado mis ojos cuando estava enamorado y lloré por nadie. Ha cremado y crema mis pulmones cuando pasaran los coches a todo dia.

¿A dónde vá el fuego? No se puede dicir. Yo supe anteayer que el primer hombre a crear la llama era lo más poderoso, hasta que nosotros idiotas lo copiamos. Esto yo he aprendido de una película de anteayer.

Quiero llevar el fuego del saber a cada mente que leír a estes diceres. Con permiso, lo pido que tengan valor a leir a mi español tán flaco. Tengo medo de cremar a mis ojos si no hay como escribirlo mismo asi. Muchas gracias.

domingo, 26 de setembro de 2010

The share

It’s all about shares. We’ve got our share of pain, our share of hate, shares of trust, and the shares of a company. Some of us forget to share the income, and choose to profit alone. The deal of our lives is our business only. Every single moment we forget to share may become a debt in the sum.

If so, then it’s all about sharing. No negotiation can end without a share of doubt. No answer can be hidden. I share a secret and we are all set free. The pain will only be passing, but none of us should survive the process. We should live through it.

The bad habits we share become our addictions. The accomplice of our mistakes is our silence. You learn today, you share tomorrow. This is not an order, it’s an obligation. At the end of the path, no share will be taken along.

The deal of sorrow we spread is the bomb that shall annihilate our entire race. Whatever a human being does, is on exchange for something. When we share what we lack, then we are victors. No less than this is the truth. The life is incomplete. The survival has taken its place.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Solitude sometimes is...

He found room for better company. Keeps eyes on the stars, gazes at the abyss. "Pretty damn fall", he thinks. Coming along with his thoughts, is the wisdom he ever sought for. Solitude sometimes is bliss. Silence shines like gold to a pressured soul. Have you ever found company in your reflection?

The Night grasps it's fingers into the lonely heart, and within it has brought the desire for another desperate complaint."I pray for the wisdom that comes with sleep." That is his last breath before falling into the abyss of Eve. The passion of the flesh makes his native heart get lost of the land.

Company of the dead. He is shaman. The lovers of the past, and the lost feelings of young spirits that left the Earth before their time. No matter the concentration involved, a lustful inspiration can become doom in a blink. He goes for the answer he sought.

She died without even tasting the kiss of a lover, and came to haunt her descendants, now he finally understands.Time to cast away the evil spirit and bring peace to the tribe. The boom of his thunderous voice frightens even the fiercest beast.Time to reflect over this lesson: "Solitude sometimes is blaze."

domingo, 22 de agosto de 2010

Paradas da vida

"De olho" na paisagem escondida na neblina, ela pensa que esse trem podia estar mais cheio. Parada de Doido. O nome da estação é esse mesmo. Com suas histórias em particular é aqui que ela desce. Por onde veio, só não vai quem já morreu, literalmente. Passam por cinco cemitérios em uma hora de percurso, esses vagões.

Por mais que seja saudável trabalhar com o que se gosta, ela desgosta do que lhe dá trabalho.Uma legista.É triste o fato de pessoas terem que morrer pra que ela ganhe seu pão. Não que ela tenha muito do que reclamar deste dia em especial, que é de pagamento. Para aqui pra lidar com seus ganhos. Discutir com um gerente que quer matar.

Para e pensa que o canivete que leva à bolsa faz um belo estrago. Mas o estrago já está feito: calculando a distância do local do fato pra Parada onde fica o Instituto Médico Legal onde trabalha, vai ter que fazer ela mesma a autópsia do próprio crime.Caso encerrado. Esta aí uma morte que não vai dar lucro. Melhor "morrer" com as taxas bancárias e seguir com a vida.

Segue de volta pra Parada da Acolhida.Ironia.Sua casa acolhedora fica ao lado da primeira estação, e quem para por aqui não tem receio de voltar. Mora no melhor hotel da cidade, herança de família.Pouco depois de entrar no quarto e esvaziar a bolsa, cai da cama no susto de ter tropeçado e se esfaqueado acidentalmente. Cama de metal frio e coberta com lençol branco. Ainda bem que é sonho e nessas horas se acorda.

sábado, 14 de agosto de 2010

Saber o que escrever

Por que alguns de nós sabem o que escrever, mas não escrevem o que sabem? Somos capazes de tanto sentimento, de tanto amor, que até dói, e alguns de nós, de sentir tanta dor até que se ame sentir dor. Que grande mistério é o ser humano. Descobri esses dias que é possível produzir a própria droga depressiva, e viciar-se nela. Assim como é possível produzir a própria droga de otimismo e viciar-se nela. Dentro de nosso próprio corpo!
Não há poço mais fundo que a alma humana. Se olharmos para o abismo, o abismo olha de volta para nós, como disse um sábio escritor.Somos capazes de mergulhar sem saber se há fundo, se vamos nos chocar contra ele, ou se vamos voltar à superfície. Pode haver profundidade no que se escreve, que se perde quando em nossas ações, só conseguimos fazer transparecer o que há por cima d'água. Sim. Esse universo de reações químicas e correntes elétricas que é o corpo tanto poderia ser um poço que mais de setenta por cento de sua composição é água.
Alguns de nós são iguais a outros, e muitos outros repetem o que dizem aqueles que consideram iguais, mesmo querendo ser diferentes. É tudo vida. Se houvesse uma resposta para tanta falta de sentido em nossos comportamentos e desejos, não precisaríamos passar por tantas fases e tantos ciclos de tempo para descobrir que o destino está na jornada.
Estou aqui. Estou vivo. Você está aí? Minha vida vai se misturar à sua, e a sua à minha. O que resultará dessa mistura de líquidos, essa eletricidade que nos percorre quando choramos, ou nos sentimos felizes, e dessa grande experiência química que é a vida? Venha descobrir comigo.

sábado, 7 de agosto de 2010

The court of life

The ball bounces at the court. Every step here could be another mistake. As a skilled player, not more than three steps at this point. “Can a bounce compare to a heartbeat?” He was advised not to let this get in the way of his game. But he insists on forgetting the game of life cannot be contested. So, he marches on to another victory, just to feel empty again in the end. “Did it even matter?”- asks his mother. He can’t hide his pain to the ones that love him.
There will be other girls; the heart also has four quarters. So “game on”, he answers to his mom. A celebration at the Diner Lounge and then the ritual is complete. His senior year finishes with glory. A scout comes to him, coincidentally or not, to discuss further seasons. A smile and a handshake to finish the deal. The Game wins again.
“Whenever one lets his life be decided by others, he refuses to be the captain of his soul”, ironically was the best advice he ever had from his late father. He is now letting others decide his destiny, choosing The Game over his love. On second thought, he loves It. Can someone love both at the same time: A girl and a court? His tears over the goodbye letter he’s going to deliver answer the doubt. A faint heart can stand the loss of faith, and keep beating. But “a lonely heart can’t be divided between a bounce and a beat for someone we really care for”. That’s his mother's lesson.
With another smile, he tears the letter down. No letters of recommendation this year. He steps at her door, and she’s lying there, just waiting. “You’re part of the game I never want to lose”- he says wiping his tears. A gentle kiss, and every other game is meaningless now, because he is invincible with her.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Cometer erros e acertar-se no processo

Viver o mundo de fora ou o mundo de dentro? Eis uns dos grandes mistérios da vida. Estamos todos tentando achar um sentido na vida e alguns poucos de nós tentando fazer do mundo um lugar melhor. A cada dia somos um dos dois ou ambos. Essa filosofia barata que tentamos aplicar ao modo de vivermos é o que nos move sempre. Que seja barata então, apesar de todos querermos ser caros a alguém. Nessas escrituras todas, há erros, aqui e ali, na tentativa de me acertar aos gostos dos que aqui passam e de passar pelos meus intolerantes critérios.

Mas qual de nós não quer estar errado em algum momento, para que venha alguém que nos ajude a acertar? E quantas vezes não tentamos impor o que nos é certo aos que achamos estar errados? Perdemos muito no processo mas não deixamos de ganhar também. O que nos dá aprendizado vem em doses homeopáticas, enquanto o que nos incita a errar está ao tempo todo batendo à porta, aberto numa janela de pop-up ou dentro dessa caixa de ossos(às vezes de Pandora) que sustentamos nos ombros.

Você fez sua boa ação de hoje? Se não fez, não importa. Talvez para alguns de nós isso seja impossível todos os dias.Mas observe à sua volta pois só de estar pronto a sorrir ou ser gentil, mesmo que isso não pareça mudar tanta coisa, é uma boa ação ao que pretendemos ser. Está envergonhado de ter feito algo errado? Às vezes o erro é não fazer nenhum dos dois. O silêncio não é o caminho, precisamos falar sobre isso.

Não estou aqui para ser hipócrita e dizer que não sou um pouco igual a muitos dos que erram, mas quando acertar, quero compartilhar com os professores que todos temos enrustidos em nós. Mas parem de perder tempo aqui, vão dar risada ou algo assim, e obrigado aos que perdem esse pouco para que eu ganhe muito, pois o melhor da vida é compartilhar...

domingo, 25 de julho de 2010

The stopping-power

A man thinks his world can be limited to the decision of taking a shot or remaining in the silence. He’s a cop off duty. Coordination fails, pulses send temptations to his mind. The woman stands still at the bar, waiting for words of charm. A bullet makes its course freely. No barriers to contain it. The combination of red meat and wine courses throughout the body. No silence can be maintained at the streets of the heart nor the thoughts in the brain. As deadly as a bullet sounds can be the beat of a desiring heart.
Whoever passes along the club has no meaning towards his resolve. The stopping-power is defined by the next swing of the glass in his hand. No harm is done in the attempt, but the woman refuses to look back. Her will is that of a lioness and the prey can be anyone.
“Whenever a man has to take the lead, he cannot do so without the approval of his target”, he revises his lesson in his mind. As he takes less than four seconds to feel the excitement, she can take four minutes or more. He whispers to her right ear words of seduction under a soft voice. A shiver over her back shows interest. She never saw his approaching.
Despite the conquest, after series of shots, he won’t go home with her tonight. No more than kisses and caresses, as the stopping-power of the two-letter word reaches his left ear. “I’m just a prey”, he thinks. No man can stand tall over the will of the true “Queen of the jungle”. She devours, and is never devoured.

Pra quem não achar muito clara a comparação entre uma bala e a palavra “no”, me refiro ao stopping-power, que é atribuído ao efeito do poder de parada ou paralização de um alvo através de um projétil, estudado na balística, se não me engano, portanto me perdoem os detalhistas se estiver errado!

domingo, 18 de julho de 2010

Férias: tempo de nostalgia

Imaginem vocês que estas férias foram uma retomada do que não foi tomado. É, por mais incrível que pareça, o tempo não toma coisas enraizadas. Ouvindo sons do passado, que não têm época pra mim, dei muitas risadas lembrando de como Linkin Park, Creed e Iron Maiden falavam de coisas em suas letras que pareciam escritas pra todos nós adolescentes. Tardes de RPG, de telefonemas pra paixões pra conversar por horas, de idas ao cinema, partidas de boliche.
Como parecia fácil imaginar eu mesmo dizendo aquelas palavras das letras de música pros amigos e pras garotas amadas. Sempre passaremos por várias identidades pra morrer em uma só: a que criamos pra lidar com o mundo. É lindo se identificar com uma letra de música, ou um(a) personagem de filme. Como disse um amigo meu de forma genial numa canção, "viver mil vidas e morrer só uma". Recomendo a todos vocês que dirigem, que peguem uma estrada ouvindo um som que os faça viajar no tempo, ou mesmo deitarem na cama e deixarem a mente ir pra longe, isso é pura meditação.
Meçam a si mesmos para ver o quanto cresceram, e comparem com tempos passados. Você viveu seu sonho? Choro pelos meus amigos que viram morrer os deles, choro por ter aberto mão de alguns dos meus por uns, e ver que os mesmos sonhos se chocariam contra mim anos depois. Só sei que essas férias estão longas, um tanto além do que gostaria.Tem sido duro para os que me amam estar por perto. Quando faltam as palavras, quando transparece que pareço ter me viciado em pensamentos tristes.
Sempre fui o palhaço da turma, que ri mesmo quando quer chorar. Mas recomendo também que olhem pro mar, inspirem e expirem por 5 minutos, e viajem pelo alfa que está em todos nós. Aos que praticaram ou praticam artes marciais, lancem ao ar o stress ao golpear a esmo, ao relembrar uma lição. A maior batalha da vida é alguém vencer a si mesmo e devo confessar que a cada dia me aproximo mais dessa vitória.
Recordar é viver, apesar do clichê, e é maravilhoso estar vivo. Ser o senhor do próprio tempo, e deixar que o que precisa ser superado faça parte de mim. Não cumpri algumas de minhas promessas, mas toquei à frente vários projetos. Cada dia escrevo melhor com a mão esquerda, sou mais livre dos meus fantasmas, e me preparo para o retorno. Até pensei em aprender a atirar com a mão esquerda,mas não acho que deva saber muito mais sobre isso. É terrível ter poder sobre a vida e a morte em tempos de voltar à superfície. Nada de se afogar de novo. Como é dificil mas libertador ser otimista! Não vejo a hora de dar seguimento ao rumo do sonho.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Um dia conta muito

Ela se levanta. Trinta e dois pras oito da manhã. Paralisada em seu sonho essa hora está. Hora de preencher mais uma fileira de impressões da vida. Dormiu no sofá de tanto pensar nelas.Quinze passos para chegar à cozinha. Frita seus ovos com bacon, folheia o jornal. É mais uma fria manhã em Nova Iorque. Trinta passos pra porta, mais treze pra chegar à escada. Vinte e seis degraus acima, e mais sete passos,seu quarto.Conta cada passo.
Ela deixa o quarto. Sete à frente, vinte e seis abaixo, conta seus passos que a levam aos lugares, mas não os dentro deles. A sala está desorganizada. É escritora,e pesquisa por três horas pra chegar ao conto de hoje. Conta suas histórias, depois de contar seus passos. Passa por mais uma hora pra escrever duas páginas.
Ela sai de casa. Cinco à frente,dois à esquerda. Toma um taxi. Chega ao restaurante, almoça com os amigos, sorri apenas duas vezes. Tomam-se duas horas para arrancar dois sorrisos dela. Sai do restaurante, trinta e cinco passos depois. Oito à frente, três à direita. Toma um novo taxi. Vai à editora entregar seu conto.Quarenta e oito degraus e dez passos depois, contam pra ela que a crítica desta semana é excelente.
Ela deixa de estar depressiva, e depreciada. Sorri pela terceira vez no dia, o que não acontece há meses. De tanto contar sem somar nada, achava que seus dias estavam contados. Todos morremos jovens quando morremos em nós mesmos.
Ela volta pra casa, esquece de contar os passos. Substitui a contagem compulsiva pra escrever compulsivamente, pra todos os seus amigos e família. A fileira dos dias tristes está preenchida, e dá lugar à dos dias felizes.

domingo, 4 de julho de 2010

Você é sua própria doença...

Sofro de um mal que não é recente, mas remanescente: a auto-piedade. Você é sua própria doença em tempos tão estressantes. Sabe que se viver totalmente preocupado com o que deixou de realizar vai viver cada vez menos. Por mais que ser medíocre não seja nenhum crime, em meu próprio tribunal sou réu confesso. Tanto por realizar, tantas escolhas que não fiz por ter sido mimado desde pequeno, e não ter tomado coragem na vida, e com essa história de o mundo acabar em 2012, vai saber onde param as paranóias?
A vida nunca foi difícil pra mim, e sempre tive por ela um encanto que se perde da razão. Vejo as pessoas como eternos potenciais, e sempre estou disposto a me surpreender com elas. Me tornei melhor amigo de um sujeito que era para mim uma escória, quando eu mal sabia o que era isso, e hoje, depois de quase 15 anos somos como irmãos, um grande ser humano que se tornou e vive tentando me tornar. Daí vem minha fé, e se tivesse que ser defendida talvez esse seria seu maior baluarte. As pessoas são complexas, e os olhos do observador influenciam o experimento.
No trabalho um grande responsável por uma injustiça contra mim se tornou quase como um pai porque apesar do ódio, soube como perdoá-lo, e este soube como se arrepender. Demorei para encontrar a paz com algo que realmente me agradasse e finalmente consegui aos 24 anos. Estou num curso em que exploro muito de meu potencial, não é o ideal de organização e boa administração, mas posso exercer meu "poder das palavras". A vida me surpreendeu mais uma vez e após anos sem estudar com a devida propriedade consegui um primeiro lugar, por estar em alfa durante o vestibular e ter o coração no que fazia. Não é grande mérito numa universidade privada, mas vale para provar o ponto: a fé em si mesmo.
Existe um grande potencial em cada um de nós, que cedo ou tarde descobrimos como despertar. Me emocionei em uma aula, em que uma professora mencionou que o futuro será um lugar em que as pessoas falarão três idiomas ou mais, não só pelo carinho que já tenho pela mesma, mas por ela estar falando, aleatoriamente, de um sonho meu. Não deixo que percebam minha emoção, se não houver intimidade, infelizmente sofro de egoísmo. Como não acredito em coincidências sei que finalmente em algo na vida estou no caminho certo, e a vida tem uma vida própria, que toma um ritmo diferente para cada um. Quem passar por aqui vai se perguntar o porquê de uma partilha repentina de experiências pessoais pouco importantes, diante do todo, mas eu explico: está no título. Estou tentando me curar de mim mesmo, e obrigado por fazerem parte disso.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

O poder do sorriso

Graças ao novo sentimento que andou tentando se instalar aqui em casa pra passar as férias, ou melhor, talvez até alguns meses, resolvi mudar a cara do blog, que ainda está em fase de adaptação e é uma válvula de escape, no final das contas. Esse sentimento é a depressão, que já fez o seu estrago por aqui umas duas vezes, acredito. Nunca comigo, mas com minha mãe e irmã. Como venho aqui agora para fazer reflexões também, vou começar falando sobre o que venho tentando aplicar na vida há uns seis meses:o poder do sorriso. Tenho a mania desgastante de querer sempre ver o sorriso das pessoas que me importam, e das que eu amo, e por isso vivo tentando aplicar o meu em quase qualquer situação. Pode ser amarelo às vezes, descaradamente malicioso, de boas vindas ou até de surpresa. O cartão de visitas, uma espécie de máscara,mas também a maior armadura que um homem triste pode ter. Não é à toa que os dentes são considerados os ossos mais fortes do corpo: aguentam o tranco do mundo, de dentro e de fora. Infelizmente não funciono como a maioria das pessoas, acho que foram aquelas duas violentas pancadas na cabeça quando era criança, que minha mãe bem sabe. Não estou dizendo que seja totalmente desequilibrado ou disfuncional. Tenho apenas a certeza que não lido muito bem com as pessoas e o mundo quando se trata de dor e tristeza. Está tudo aqui fechado, e quando sai pra tomar um ar, geralmente me priva do meu. Nessas horas procuro o poder do sorriso, e ele me conforta, e as lágrimas geralmente só aparecem no escuro. O passageiro sombrio, como um personagem dos meus favoritos costuma dizer, vive dando o ar de sua graça. Se não puder transformar as coisas à minha volta com o sorriso que vem pra mim tão naturalmente, é esse passageiro quem transforma, com as lágrimas que vêm somente quando ninguém pode ver. Voltei ao estado alfa ontem, depois de mais de seis meses, e acho que a meditação vai me ajudar a sair dessa, apesar de eu só saber a base de tudo. Enfim, aqui jaz, a primeira reflexão.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Sick sad little world

The boy wakes up with a song. Goes to sleep with a song by the dawn, gets up with another. Music makes the world lighter. Seens like a regular day, by seven o'clock. Not to be a hypocrite, he smiles even without seeing anything yet. The ordinary chant of birds, car's buzzes, children laughing as they take off to school.
The boy's not really a boy anymore, he's caught in beetween. Old enough to find this world sick,sad and little, eats his breakfast without a sound, just the swings and clangs of a spoon by the bowl.The parents leave early, at five a.m. The dog whimpers, calling for a friend. It's Lucky the name of the dog.
Caught by the ring of the phone, another song, which makes the third song of an album, the boy is reminded that another day of school is at bay. High school. Wishes he was high to take on his tough bullies.Big boys with little hearts.Just another ordinary day, he's become numb. The behavior of monsters with no cage, that's spread through the world like disease.He writes an essay with that title.Teachers with titles an degrees stand no match for children without even moral values.
The album has reached it's eleventh song by the time of break, nine thirty a.m.Just another couple of hours to end the torment. Two classes, one hundred minutes, some thousands of heartbeats, and other two albuns. It's over now, and courses his own classes of math, sociology, P.E. and American history without the help of any teacher.Such is his sick sad little world, just like the song.He reaches home, twelve o'clock,time to runaway for the World Wide Web and hide himself into another world of silence.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Dentre todos os medos

Estou cercado. Ruídos de insetos, balançar de folhas, suor, sangue e lágrimas.É noite, e os sussurros da mata estão violentando meus ouvidos, cheios de adrenalina da perseguição. Tenho argolas penduradas neles, sou um caçador da tribo e tenho orgulho de polir a lança.
Estou me lançando na mata sob os olhares medrosos de minha família, para enfrentar o leão perigoso, e obter sua pele.Medo é tudo que não se pode sentir aqui.Tenho dentes das feras para dar sorte, superstição antiga. A idéia de que já estão mortos diante de minha coragem faz minha tarefa simples. Estou correndo numa velocidade cansativa, mas o leão poderoso sabe que seu rugido não deve ser ignorado, está sinalizando que algum animal aqui é sua presa, eu incluído nestes.
Muda o cenário.Animais em pânico, árvores estáticas, silêncio que precede o desfecho. Só sabe qual seu destino aquele que tem experiência nesses jogos sem regras. Sou por sorte o animal com o maior instinto de preservação. Corro tão atento que não perco nada, a distância é que se perde de mim.
Estou sem fôlego, e resolvo fazer a parada. Sou abocanhado pelas costas, a dor toma conta antes da reação mais segura, que é revidar com a lança. Perco a força diante de tanta fome, de tanta dedicação à caça, que não é do leão, é da leoa, aquele está seguro, longe do meu alcance, longe do meu rugido.
Acordo.Não sou caçador, sou homem orgulhoso e leonino, e apenas sonhava. Devem ser esses tempos em que falam da África, a mente prega sua peça. Mas aqui nessa selvageria dos papéis, que controlam o ritmo dos nossos dias, não tenho medo de morrer de mordida...tenho um medo dentre todos:de morrer abocanhada minha criatividade.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Por uma vida menos ordinária

Ele está caminhando a passos secos na madrugada. É frio, distante e calculado o seu olhar. Sem ter como escapar de si mesmo, percorre o caminho das reflexões. Se fosse sensato a ponto de deixar a mente vazia nessas horas, seria capaz de fazê-lo. Acaba de sair da casa de um amigo,está distante da sua, e com o ritmo da caminhada que só cresce, vão ganhando tamanho seus pensamentos sobre como vem vivendo.
Tem um suspiro de insatisfeito, de quem se comporta como contrariado em sua vontade. Não falta muito para que se entregue a uma paranóia com seu ego, que sempre permite que o atrapalhe. Tantas pessoas conquista, tantas pessoas perde, e se perde de outras tantas, por estar concentrado em si mesmo.
Não é aqui sua casa, onde só sabe sentir o desgosto de si mesmo, ao invés de deixá-lo escorrer com o suor que percorre suas costas, com o ritmo furioso de suas passadas.Sua casa é o lugar a onde quer chegar, mas sempre toma mais tempo na caminhada, por caminhar ao mesmo tempo na mente e no chão. Está disperso do resto e focado em si mesmo,porque quer chegar a um lugar onde seja menos ordinário, é muito estranho para este mundo ordinário. Trinta minutos, quarenta, são anos aqui ou são minutos? Está tonto com tantas idéias que correm, agora, enquanto seus pés só caminham. Aqui está enfim em casa, e agora resolve dormir, sem olhar pro espelho para escovar os dentes. Está cansado de se refletir.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Salvo pelo rugido

Não salvo meu sorriso, deixo que ele salve alguém. Estou certo de que tudo que faço aos outros, faço também a mim mesmo. Não quero me arrepender do que não pode ser desfeito, mas fazer de novo e bem feito. Esse rugido, que se enche do meu orgulho, não faz medo a quem sabe o que me abate. Quero o que é meu mas conto com uma justiça que não me inclui em sua balança.
Está tudo mais difícil nesses últimos tempos, talvez para me fazer entender que não é de conforto que surge meu sucesso. Cada sorriso, cada gesto, cada intenção, está carregada de uma revolta que vem de mim e contra mim. Não sei se posso fazer de conta que estou plantado neste chão, e essa onda não está me empurrando.
Não entendem que minha felicidade nunca importa, e me alimento de sorrisos sinceros, dos outros, essa fome que vem da alma e é mais forte que a fome do corpo. Meu legado é meu defeito, minha fé neles que não tem por onde nem razão de ser. O nome, que vem de tragédia grega, parece que dita meu destino, e tento adotar este símbolo, o leão, como meu.
Nunca é tarde por aqui, e depois de rugir de orgulho, estou montado em minha presa, ditando a ela o que é meu por direito. Não sou eu quem pratica essa caçada, só recolho o fruto. Estou saciado e pronto para dormir como tal. O sono é perturbado, e sou frágil encolhido no frio. Tenho pele de homem, mas tenho olhos ferozes para encarar o mundo em que me deixa o sonho. Estou fugindo do contato, fugindo da profundidade dos encontros, deitado aqui e evitando o mundo. Nunca é tarde porque o dia é sempre meu, não deixo que seja dos outros, e meu tempo está acima daquele dos que me cercam. Será que me tornei leão e me perdi do homem despretensioso?

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Olhar perdido do resto

No escuro do abandono, jaz o menino. Passam pessoas, desenvolvem trajetórias os carros, e passa despercebido o olhar perdido do menino abandonado. Por mais que passe o tempo curto de sessenta segundos de um semáforo fechado, parece infinito, e nem sempre se vê lágrima no escuro, como diz o ilustre artista brasileiro em sua canção. Para quem sabe o que é o abandono, não é fato a ser comentado, pois repete todos os dias o mesmo trajeto na vida.
Ainda que não se saiba se está escuro, para o abandonado há um lugar no interesse das pessoas que é escuro, quando se trata da urgência do cotidiano. As luzes do semáforo não bastam para iluminar o olhar perdido do menino, que se perde em meio aos carros. No ponto de parada em que as rotinas se cruzam, o menino jaz, abandonado.
Nas cores dos carros, nos reflexos dos retrovisores, no brilho dos faróis, não há espaço para a vida sem cor do menino, que assim tem os olhos de quem enfrenta o desamparo. Tudo acontece ao mesmo tempo, e em tempos separados, pois ninguém tem tempo de reparar no menino que jaz ali, na rua, abandonado.
Será que está mesmo perdido o olhar do menino, ou está de encontro à situação com a qual tem que lidar todos os dias de sua vida? Ainda que curta, a vida do menino já lhe dá motivos para olhar para o horizonte e esquecer de todo o resto. Parece ele o resto, no ritmo que a vida toma. Resta, para nós, revermos o motivo pelo qual nos afastamos do menino, para que não tome conta do resto de nossas vidas o arrependimento.