quarta-feira, 9 de junho de 2010

Por uma vida menos ordinária

Ele está caminhando a passos secos na madrugada. É frio, distante e calculado o seu olhar. Sem ter como escapar de si mesmo, percorre o caminho das reflexões. Se fosse sensato a ponto de deixar a mente vazia nessas horas, seria capaz de fazê-lo. Acaba de sair da casa de um amigo,está distante da sua, e com o ritmo da caminhada que só cresce, vão ganhando tamanho seus pensamentos sobre como vem vivendo.
Tem um suspiro de insatisfeito, de quem se comporta como contrariado em sua vontade. Não falta muito para que se entregue a uma paranóia com seu ego, que sempre permite que o atrapalhe. Tantas pessoas conquista, tantas pessoas perde, e se perde de outras tantas, por estar concentrado em si mesmo.
Não é aqui sua casa, onde só sabe sentir o desgosto de si mesmo, ao invés de deixá-lo escorrer com o suor que percorre suas costas, com o ritmo furioso de suas passadas.Sua casa é o lugar a onde quer chegar, mas sempre toma mais tempo na caminhada, por caminhar ao mesmo tempo na mente e no chão. Está disperso do resto e focado em si mesmo,porque quer chegar a um lugar onde seja menos ordinário, é muito estranho para este mundo ordinário. Trinta minutos, quarenta, são anos aqui ou são minutos? Está tonto com tantas idéias que correm, agora, enquanto seus pés só caminham. Aqui está enfim em casa, e agora resolve dormir, sem olhar pro espelho para escovar os dentes. Está cansado de se refletir.

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