quarta-feira, 30 de junho de 2010

O poder do sorriso

Graças ao novo sentimento que andou tentando se instalar aqui em casa pra passar as férias, ou melhor, talvez até alguns meses, resolvi mudar a cara do blog, que ainda está em fase de adaptação e é uma válvula de escape, no final das contas. Esse sentimento é a depressão, que já fez o seu estrago por aqui umas duas vezes, acredito. Nunca comigo, mas com minha mãe e irmã. Como venho aqui agora para fazer reflexões também, vou começar falando sobre o que venho tentando aplicar na vida há uns seis meses:o poder do sorriso. Tenho a mania desgastante de querer sempre ver o sorriso das pessoas que me importam, e das que eu amo, e por isso vivo tentando aplicar o meu em quase qualquer situação. Pode ser amarelo às vezes, descaradamente malicioso, de boas vindas ou até de surpresa. O cartão de visitas, uma espécie de máscara,mas também a maior armadura que um homem triste pode ter. Não é à toa que os dentes são considerados os ossos mais fortes do corpo: aguentam o tranco do mundo, de dentro e de fora. Infelizmente não funciono como a maioria das pessoas, acho que foram aquelas duas violentas pancadas na cabeça quando era criança, que minha mãe bem sabe. Não estou dizendo que seja totalmente desequilibrado ou disfuncional. Tenho apenas a certeza que não lido muito bem com as pessoas e o mundo quando se trata de dor e tristeza. Está tudo aqui fechado, e quando sai pra tomar um ar, geralmente me priva do meu. Nessas horas procuro o poder do sorriso, e ele me conforta, e as lágrimas geralmente só aparecem no escuro. O passageiro sombrio, como um personagem dos meus favoritos costuma dizer, vive dando o ar de sua graça. Se não puder transformar as coisas à minha volta com o sorriso que vem pra mim tão naturalmente, é esse passageiro quem transforma, com as lágrimas que vêm somente quando ninguém pode ver. Voltei ao estado alfa ontem, depois de mais de seis meses, e acho que a meditação vai me ajudar a sair dessa, apesar de eu só saber a base de tudo. Enfim, aqui jaz, a primeira reflexão.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Sick sad little world

The boy wakes up with a song. Goes to sleep with a song by the dawn, gets up with another. Music makes the world lighter. Seens like a regular day, by seven o'clock. Not to be a hypocrite, he smiles even without seeing anything yet. The ordinary chant of birds, car's buzzes, children laughing as they take off to school.
The boy's not really a boy anymore, he's caught in beetween. Old enough to find this world sick,sad and little, eats his breakfast without a sound, just the swings and clangs of a spoon by the bowl.The parents leave early, at five a.m. The dog whimpers, calling for a friend. It's Lucky the name of the dog.
Caught by the ring of the phone, another song, which makes the third song of an album, the boy is reminded that another day of school is at bay. High school. Wishes he was high to take on his tough bullies.Big boys with little hearts.Just another ordinary day, he's become numb. The behavior of monsters with no cage, that's spread through the world like disease.He writes an essay with that title.Teachers with titles an degrees stand no match for children without even moral values.
The album has reached it's eleventh song by the time of break, nine thirty a.m.Just another couple of hours to end the torment. Two classes, one hundred minutes, some thousands of heartbeats, and other two albuns. It's over now, and courses his own classes of math, sociology, P.E. and American history without the help of any teacher.Such is his sick sad little world, just like the song.He reaches home, twelve o'clock,time to runaway for the World Wide Web and hide himself into another world of silence.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Dentre todos os medos

Estou cercado. Ruídos de insetos, balançar de folhas, suor, sangue e lágrimas.É noite, e os sussurros da mata estão violentando meus ouvidos, cheios de adrenalina da perseguição. Tenho argolas penduradas neles, sou um caçador da tribo e tenho orgulho de polir a lança.
Estou me lançando na mata sob os olhares medrosos de minha família, para enfrentar o leão perigoso, e obter sua pele.Medo é tudo que não se pode sentir aqui.Tenho dentes das feras para dar sorte, superstição antiga. A idéia de que já estão mortos diante de minha coragem faz minha tarefa simples. Estou correndo numa velocidade cansativa, mas o leão poderoso sabe que seu rugido não deve ser ignorado, está sinalizando que algum animal aqui é sua presa, eu incluído nestes.
Muda o cenário.Animais em pânico, árvores estáticas, silêncio que precede o desfecho. Só sabe qual seu destino aquele que tem experiência nesses jogos sem regras. Sou por sorte o animal com o maior instinto de preservação. Corro tão atento que não perco nada, a distância é que se perde de mim.
Estou sem fôlego, e resolvo fazer a parada. Sou abocanhado pelas costas, a dor toma conta antes da reação mais segura, que é revidar com a lança. Perco a força diante de tanta fome, de tanta dedicação à caça, que não é do leão, é da leoa, aquele está seguro, longe do meu alcance, longe do meu rugido.
Acordo.Não sou caçador, sou homem orgulhoso e leonino, e apenas sonhava. Devem ser esses tempos em que falam da África, a mente prega sua peça. Mas aqui nessa selvageria dos papéis, que controlam o ritmo dos nossos dias, não tenho medo de morrer de mordida...tenho um medo dentre todos:de morrer abocanhada minha criatividade.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Por uma vida menos ordinária

Ele está caminhando a passos secos na madrugada. É frio, distante e calculado o seu olhar. Sem ter como escapar de si mesmo, percorre o caminho das reflexões. Se fosse sensato a ponto de deixar a mente vazia nessas horas, seria capaz de fazê-lo. Acaba de sair da casa de um amigo,está distante da sua, e com o ritmo da caminhada que só cresce, vão ganhando tamanho seus pensamentos sobre como vem vivendo.
Tem um suspiro de insatisfeito, de quem se comporta como contrariado em sua vontade. Não falta muito para que se entregue a uma paranóia com seu ego, que sempre permite que o atrapalhe. Tantas pessoas conquista, tantas pessoas perde, e se perde de outras tantas, por estar concentrado em si mesmo.
Não é aqui sua casa, onde só sabe sentir o desgosto de si mesmo, ao invés de deixá-lo escorrer com o suor que percorre suas costas, com o ritmo furioso de suas passadas.Sua casa é o lugar a onde quer chegar, mas sempre toma mais tempo na caminhada, por caminhar ao mesmo tempo na mente e no chão. Está disperso do resto e focado em si mesmo,porque quer chegar a um lugar onde seja menos ordinário, é muito estranho para este mundo ordinário. Trinta minutos, quarenta, são anos aqui ou são minutos? Está tonto com tantas idéias que correm, agora, enquanto seus pés só caminham. Aqui está enfim em casa, e agora resolve dormir, sem olhar pro espelho para escovar os dentes. Está cansado de se refletir.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Salvo pelo rugido

Não salvo meu sorriso, deixo que ele salve alguém. Estou certo de que tudo que faço aos outros, faço também a mim mesmo. Não quero me arrepender do que não pode ser desfeito, mas fazer de novo e bem feito. Esse rugido, que se enche do meu orgulho, não faz medo a quem sabe o que me abate. Quero o que é meu mas conto com uma justiça que não me inclui em sua balança.
Está tudo mais difícil nesses últimos tempos, talvez para me fazer entender que não é de conforto que surge meu sucesso. Cada sorriso, cada gesto, cada intenção, está carregada de uma revolta que vem de mim e contra mim. Não sei se posso fazer de conta que estou plantado neste chão, e essa onda não está me empurrando.
Não entendem que minha felicidade nunca importa, e me alimento de sorrisos sinceros, dos outros, essa fome que vem da alma e é mais forte que a fome do corpo. Meu legado é meu defeito, minha fé neles que não tem por onde nem razão de ser. O nome, que vem de tragédia grega, parece que dita meu destino, e tento adotar este símbolo, o leão, como meu.
Nunca é tarde por aqui, e depois de rugir de orgulho, estou montado em minha presa, ditando a ela o que é meu por direito. Não sou eu quem pratica essa caçada, só recolho o fruto. Estou saciado e pronto para dormir como tal. O sono é perturbado, e sou frágil encolhido no frio. Tenho pele de homem, mas tenho olhos ferozes para encarar o mundo em que me deixa o sonho. Estou fugindo do contato, fugindo da profundidade dos encontros, deitado aqui e evitando o mundo. Nunca é tarde porque o dia é sempre meu, não deixo que seja dos outros, e meu tempo está acima daquele dos que me cercam. Será que me tornei leão e me perdi do homem despretensioso?

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Olhar perdido do resto

No escuro do abandono, jaz o menino. Passam pessoas, desenvolvem trajetórias os carros, e passa despercebido o olhar perdido do menino abandonado. Por mais que passe o tempo curto de sessenta segundos de um semáforo fechado, parece infinito, e nem sempre se vê lágrima no escuro, como diz o ilustre artista brasileiro em sua canção. Para quem sabe o que é o abandono, não é fato a ser comentado, pois repete todos os dias o mesmo trajeto na vida.
Ainda que não se saiba se está escuro, para o abandonado há um lugar no interesse das pessoas que é escuro, quando se trata da urgência do cotidiano. As luzes do semáforo não bastam para iluminar o olhar perdido do menino, que se perde em meio aos carros. No ponto de parada em que as rotinas se cruzam, o menino jaz, abandonado.
Nas cores dos carros, nos reflexos dos retrovisores, no brilho dos faróis, não há espaço para a vida sem cor do menino, que assim tem os olhos de quem enfrenta o desamparo. Tudo acontece ao mesmo tempo, e em tempos separados, pois ninguém tem tempo de reparar no menino que jaz ali, na rua, abandonado.
Será que está mesmo perdido o olhar do menino, ou está de encontro à situação com a qual tem que lidar todos os dias de sua vida? Ainda que curta, a vida do menino já lhe dá motivos para olhar para o horizonte e esquecer de todo o resto. Parece ele o resto, no ritmo que a vida toma. Resta, para nós, revermos o motivo pelo qual nos afastamos do menino, para que não tome conta do resto de nossas vidas o arrependimento.