terça-feira, 26 de junho de 2012

Ao seu próprio ritmo

       Sem pressa, com seu compasso, a vida passeia por nós ao seu próprio capricho. Dotada de organismos conscientes a regular seus ciclos, a circular rumo a encontros, desencontros e reencontros. São as pessoas as células desses organismos, é a imaginação, é o sentimento seu tecido. Seu coração pulsante é a ressonância de tudo que agimos, decidimos e realizamos por tentar ditar seu ritmo. Nossas vozes sua trilha sonora, nosso silêncio sua poesia.

       Se a vida pensasse, não saberíamos como ler esses pensamentos. Essa vida não pensa em nós, apenas nos arrastamos em seu magnetismo, atraindo e afastando-nos uns aos outros. As areias do tempo formam o grande deserto onde está enterrado o sentido de tudo isso, e como gatos com caixas desses grãos, movemos pequenas porções com nossos membros limitados. Alguns encontram areia movediça entre as formas desse deserto, e as memórias de tempos melhores são as cordas que os resgatam à superfície segura que é a felicidade: um oásis.

       Ao ritmo de nossos passos se encaixa um arranjo intrincado, que é som da vida seguindo como sinfonia de gênio, cheia de tons inesperados, despertando o agradável sentimento de surpresa. Ficamos para trás e não queremos a alcançar, pois nunca para até que ecoe de volta.
As palavras se dissolvem no silêncio geral, mas ecoam na mente.  (Érico Verísssimo)